INPC avança 0,55% em dezembro e fecha 2023 em 3,71%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a inflação da cesta de consumo de famílias com renda entre um e cinco salários mínimos, variou 0,55% em dezembro de 2023, depois de três meses seguidos com índice variando em torno de 0,11%. Em 12 meses, como o índice de dezembro de 2022 havia sido de 0,69%, o INPC seguiu desacelerando, fechando o ano em 3,71%, abaixo dos 5,93% registrados em 2022.
No mês corrente, todos os grupos registraram alta, com a maior variação em Alimentação e bebidas (+1,20%), grupo que acelerou em relação ao resultado de novembro (+0,57%) e sozinho contribuiu com 0,29 p.p. dos 0,55 p.p. do índice cheio. A segunda maior contribuição foi de 0,06 p.p. e veio da elevação de 0,34% em Habitação, seguida por 0,05 p.p. por parte da elevação de 0,24% em Transportes. Artigos de residência (+0,64%) e Vestuário (+0,70%) devolveram as quedas do mês anterior e contribuíram, respectivamente, com 0,03 p.p. e 0,04 p.p. no INPC de dezembro. As altas nos demais grupos foram de 0,56% em Despesas pessoais (0,04 p.p.), 0,27% em Saúde e cuidados pessoais (0,03 p.p.), 0,22% em Educação (0,01 p.p.), 0,11% em Comunicação (0,01 p.p.)
Para a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), o índice teve variação de 0,44%, com impacto menor da elevação mais contida de Alimentos e Bebidas (+0,61%), que contribuiu com 0,14 p.p. da variação do INPC do mês. Habitação (+0,65%) teve a segunda maior contribuição, com 0,10 p.p., seguida por Saúde e cuidados pessoais, com alta de 0,74% impactando o índice em 0,08 p.p..
A maior variação do INPC em dezembro, mesmo que um pouco acima da nossa projeção para o mês (0,46%), era esperada. Além da reversão dos descontos no âmbito da Black Friday, o resultado teve na variação dos preços de alimentos contribuição importante – com o avanço dos preços refletindo o impacto das condições climáticas adversas provocadas pelo El Niño sobre a oferta sobretudo de tubérculos, hortaliças e frutas.
Com o resultado de dezembro, o INPC encerra o ano em 3,71%, confirmando a desinflação que teve curso ao longo do ano em um cenário de política monetária contracionista, cadeias de suprimento normalizadas e uma dinâmica do preço de alimentos muito distinta de 2022 ante boas safras e preços menores de commodities no mercado internacional em 2023.
Cabe notar que a inflação do grupo de alimentos, que compreende quase um quarto da cesta de consumo das famílias com renda mensal entre um e cinco salários mínimos, fechou o ano em 0,33%, ante 11,91% em 2022. O maior peso da alimentação, sobretudo no domicílio, em relação a famílias com renda entre um e quarenta salários mínimos – que tem sua inflação acompanhada pelo IPCA – explica parte da diferença no resultado dos índices (INPC 3,71% e IPCA 4,62% em 2023).
Prospectivamente, a inflação deve seguir comportada ao longo de 2024, com a continuidade do processo de desinflação, porém em menor medida que o verificado em 2023, com atenção para a dinâmica de alimentos, que deve seguir comportada mas não deve repetir a dinâmica do ano passado, sobretudo em carnes, e com risco altista, mas por ora moderado, pelo El Niño. Também segue no radar o comportamento dos preços de serviços, em que pairam dúvidas sobre a continuidade da desaceleração ante um mercado de trabalho apertado. Diante desse cenário, projetamos que o INPC encerre 2024 em 4,03%, mantendo a cautela e a atualização de cenários em função dos dados de alta frequência.