October 11, 2024

INPC registra variação de 0,48% em setembro

INPC registra variação de 0,48% em setembro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a variação dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, registrou um aumento de 0,48% em setembro de 2024. Este resultado é superior ao observado em agosto de 2024 (-0,14%) e em setembro de 2023 (0,11%). Como resultado, a variação acumulada dos últimos 12 meses acelerou para 4,09%, e a inflação acumulada no ano atingiu 3,29%.

Entre os nove grupos analisados, seis apresentaram variações positivas, destacando-se dois grupos em particular. O primeiro foi o grupo de Habitação, que registrou a maior variação mensal, de 1,93%, e o maior impacto no índice geral, contribuindo com 0,33 p.p.. Essa elevação foi fortemente influenciada pelo subitem de energia elétrica residencial, que, conforme previsto, variou 5,28% no mês pela bandeira vermelha patamar 1, representando o maior impacto individual, com 0,26 p.p. Outro subitem que influenciou este grupo foi o gás de botijão, que registrou uma variação de 2,4% e contribuiu com 0,04 p.p. O segundo grupo de destaque foi o de Alimentação e Bebidas, que, após dois meses de variações negativas, apresentou uma variação positiva de 0,49% e um impacto de 0,12 p.p. Esse movimento foi, principalmente, impulsionado pela aceleração dos preços de Alimentação no domicílio, que subiram 0,52%, contribuindo com 0,10 p.p. Os alimentos com maior variação positiva foram café moído (3,87%), carne de porco (3,69%), contrafilé (3,67%), costela (3,21%) e frutas (2,21%). Os demais grupos apresentaram contribuições que variaram entre um impacto positivo de 0,06 p.p. em Saúde e Cuidados Pessoais (+0,49%) e um impacto negativo de -0,03 p.p. em Despesas Pessoais (-0,39%).

O resultado de setembro veio em linha com as nossas projeções, com dois movimentos importantes já antecipados: energia elétrica residencial, resultante da passagem da bandeira tarifária verde em agosto para vermelha patamar 1 em setembro, e os preços dos alimentos, que após dois meses de deflação voltaram a apresentar variações positivas. Prospectivamente, esses dois aspectos seguirão centrais nas projeções, dada a continuidade dos efeitos das condições climáticas adversas. Especificamente para outubro, além de previsão de alta em alimentos, já está computado o novo aumento na energia elétrica com o patamar 2 estabelecido pela ANEEL, o que, sozinho, deverá impactar o índice geral de preços em aproximadamente 0,2 p.p. no mês.

Para os meses subsequentes, no entanto, a principal fonte de incerteza para as projeções atuais segue relacionada a dinâmica climática. Condicionado à intensidade e duração da estiagem, e consequentemente sua repercussão sobretudo sobre os reservatórios hídricos, qualquer alteração na vigência das bandeiras impacta fortemente as projeções de inflação. Em nosso cenário base, estamos considerando a manutenção da bandeira tarifária patamar 2 em novembro e retorno à bandeira tarifária vermelha patamar 1 em dezembro. Além da questão climática, também está no radar a possibilidade do repasse do Bônus da Itaipu , que por equivaler a um desconto na conta de luz dos consumidores, teria potencial de aliviar significativamente a pressão sobre os preços da energia no mês do repasse. Apesar de não compor nosso cenário base, dado a incerteza sobre a execução da medida, seu impacto na inflação pode ser bastante expressivo, considerando que o montante programado é consideravelmente maior que o bônus do ano passado, cujo impacto na inflação no mês aplicado foi cerca de -0,2 p.p.

Ressaltamos, ainda, que além desse contexto específico, outros fatores no cenário interno e externo seguem como riscos altistas. Entre eles, destacam-se a pressão sobre os preços dos serviços devido ao mercado de trabalho apertado, a situação fiscal, a desancoragem das expectativas inflacionárias, a oscilação cambial com efeitos em bens industriais e também os conflitos geopolíticos, afetando o preço do petróleo e, consequentemente, dos combustíveis (apesar da incerteza sobre repasses pela política de preços da Petrobrás). Diante disso, além da atualização de cenários pelo acompanhamento de dados de alta frequência, seguimos monitorando a dinâmica do setor elétrico e sua repercussão sobre a inflação.

Fonte: Fecomércio-RS

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