INPC registra variação de 0,61% em outubro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a variação dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, registrou um aumento de 0,61% em outubro de 2024. Este resultado é superior ao observado em setembro de 2024 (0,48%) e em outubro de 2023 (0,12%). Como resultado, a variação acumulada dos últimos 12 meses acelerou para 4,60%, e a inflação acumulada no ano atingiu 3,92%.
Entre os nove grupos analisados, três destaques: nas altas, Habitação (1,61%) e Alimentação (1,11%) – com os maiores impactos, 0,28 p.p. e 0,27 p.p., respectivamente, correspondendo juntos a 0,55 p.p. dos 0,61 p.p. do INPC cheio do mês – e Transportes, único grupo com recuo dos preços em função da gratuidade nos dias das eleições municipais (ônibus urbano -3,59%; -0,08 p.p.) e pela redução nas passagens aéreas (-9,97%; -0,02 p.p.). Em Habitação, o aumento veio de energia elétrica residencial, que, como previsto, subiu 4,73% devido à bandeira vermelha patamar 2 em vigor durante o mês, gerando o maior impacto individual (0,24 p.p.). No grupo de Alimentação e Bebidas, a maior pressão dentro de Alimentação no Domicílio (1,25%; 0,23 p.p.) veio dos preços das carnes (5,76%; 0,17 p.p.). Entre os demais grupos, as variações tiveram impactos menores, indo de zero (Educação) a 0,05 p.p. por Despesas Pessoais (0,71%).
O resultado de outubro foi uma surpresa altista. Embora tenhamos antecipado os três principais movimentos acima descritos, a magnitude foi maior do que o previsto sobretudo em alimentos, já que nosso impacto previsto para energia elétrica estava em 0,20 p.p., apenas um pouco abaixo dos 0,24 p.p. verificados. Nos alimentos, além dos efeitos mais intensos das condições climáticas adversas, o aumento nas carnes também foi maior que o antecipado, com pressão ainda maior devido a reversão no ciclo da pecuária e o aumento das exportações decorrente de um dólar forte.
Revisamos nossa projeção para a data-base de janeiro de 2025, que se refere ao acumulado dos meses até dezembro de 2024, de 4,26% para 4,65%. Para além da maior contribuição do mês de outubro propriamente dito, já está computado na projeção de novembro o efeito da bandeira amarela definida pela ANEEL, devendo impactar o INPC em torno de -0,36 p.p na próxima leitura, e, para o mês seguinte, considera-se como cenário base o retorno para bandeira verde, com impacto de -0,11 p.p. em dezembro. Apesar da alteração das hipóteses do cenário elétrico, já que anteriormente considerávamos bandeira vermelha até o final do ano com retorno do patamar 2 para 1 em dezembro, passamos a projetar uma pressão mais intensa sobre os preços de alimentos, dadas as condições climáticas adversas e a reversão do ciclo da pecuária que mantém o preço das carnes sob pressão, considerando ainda a sazonalidade do final do ano. Ainda assim, não se espera aceleração mais forte no mês pois, além do impacto negativo da energia elétrica, também entram no cálculo efeitos das promoções da Black Friday ao longo do mês de novembro[1].
Por fim, salientamos que seguimos monitorando fatores internos e externos que podem influenciar a inflação corrente bem como as projeções de médio e longo prazo, atualizando continuamente nosso cenário. Além do mercado de trabalho aquecido e a repercussão sobretudo sobre preços de serviços, segue no radar a evolução das condições climáticas e a persistência da indefinição acerca do ajuste fiscal – que ganha ainda maior importância dada a pressão de um câmbio mais desvalorizado diante da decisão eleitoral dos EUA.
[1] Embora o dia da Black Friday deste ano seja contabilizado, por questões metodológicas, na inflação de dezembro, as promoções não acontecem apenas na sexta-feira dia 29/11, mas ao longo do mês de novembro.
Fonte: Fecomércio-RS