INPC tem variação de 0,11% em setembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a inflação da cesta de consumo de famílias com renda entre um e cinco salários-mínimos, variou 0,11% em setembro de 2023. Em relação a agosto/23, quando havia tido uma alta de 0,20%, o índice desacelerou. No acumulado em 12 meses, o INPC encontra-se em 4,51%. No acumulado do ano o índice está em 2,91%.
Os dados de setembro corroboram o cenário de desinflação em curso ao longo de 2023. A surpresa de baixa foi a intensificação da queda em torno de Alimentação e bebidas, que recuaram 0,74% em setembro – mais forte do que o esperado pela Fecomércio-RS. Dado a grande contribuição do grupo para o índice, os alimentos têm sido o grande vetor de queda da inflação para o ano corrente, e devem seguir contribuindo para a desinflação nos próximos meses. Todavia, para o próximo ano, é possível que haja algum grau de reversão na tendência de queda deste grupo, uma vez que os fenômenos climáticos somados à presença do El Niño – com indefinições em torno de sua intensidade – elevam o grau de incerteza no cenário prospectivo.
Grupos mais atingidos
Além disso, os grupos de Artigos de Residência (-0,57%), Saúde e cuidados pessoais (-0,16%) e Comunicação (-0,14%) também contribuíram para a desaceleração do índice. Em contrapartida, os grupos de Transportes (1,07%), puxado pela Gasolina (2,69%), e de Habitação (0,44%), com crescimento influenciado por Energia elétrica residencial (1,10%), foram as principais influências para a elevação do índice. Adicionalmente, tiveram altas os grupos de Despesas pessoais (0,41%), Vestuário (0,38%) e, com pequena variação, Educação (0,03%).
Para a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) o índice teve variação de -0,02%. Assim como no índice nacional, Alimentação e bebidas tiveram a maior queda, recuando 0,86%. Na sequência, também com quedas, aparecem os grupos de Artigos de residência (-0,78%), Comunicação (-0,22%), Vestuário (-0,13%) e Habitação (-0,07%), com Saúde e cuidados pessoais ficando estável (0,0%). As altas ficaram com Transportes (1,11%), Despesas pessoais (0,37%), e Educação (0,04%), com variação pequena.
As sucessivas surpresas de queda no grupo de Alimentos, que recuaram pelo quarto mês seguido, fez com que projetássemos para o restante do ano uma dinâmica mais benigna para o comportamento da inflação. No entanto, mantemos cautela em relação ao otimismo para a dinâmica dos preços para o próximo ano diante de riscos altistas ante um ambiente de evolução com bastante incerteza.
El Niño e Conflitos
Para além da indefinição quanto ao impacto do El Niño sobre os preços das commodities agrícolas, o cenário internacional se mantém mais desafiador, com dose adicional de incerteza ante os possíveis rumos e escalabilidade geopolítica da reação ao ataque do Hamas a Israel, além dos riscos anteriormente já presentes. Antes mesmo do conflito no Oriente Médio, no entanto, o quadro de fortalecimento do Dólar sobre o Real (que se desvalorizou nas últimas semanas) e a perspectiva de manutenção dos juros mais altos nos Estados Unidos já deixavam no radar o risco do impacto sobre os preços de um Real mais desvalorizado.
No âmbito nacional, existem indefinições acerca da política fiscal – que tem contribuído para sustentar a demanda agregada – prevalecendo o ceticismo quanto à capacidade do cumprimento da meta fiscal de déficit zero em 2024. Diante desse cenário, interno e externo, o espaço para a redução dos juros pela autoridade monetária para o próximo ano deve se reduzir, com chance de parada do ciclo de baixa da Selic em patamar mais elevado que o anteriormente previsto pelo mercado. Ainda assim, a possibilidade de um cenário mais benigno para a inflação de 2024 pode ficar mais clara à medida que se observe a intensificação do efeito da desaceleração da atividade econômica esperada a partir do último trimestre de 2023, assim como não se concretizem os riscos de choques altistas para a inflação anteriormente citados.