February 12, 2025

IPCA registra 0,16% em janeiro de 2025

IPCA registra 0,16% em janeiro de 2025

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou uma variação de 0,16% em jan/25, resultado inferior ao observado em dez/24 (0,52%) e em jan/24 (0,42%). Dessa forma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou para 4,56%. Por sua vez, a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou uma queda de -0,03% no IPCA em jan/25, desacelerando no acumulado em 12 meses para 3,41%, abaixo da média nacional.

No IPCA do Brasil, três grupos se destacaram no mês. No lado altista, o maior aumento ocorreu no grupo Transportes (1,30%; 0,27 p.p.), impulsionado pelo preço das passagens aéreas (10,42%; 0,07 p.p.) e ônibus urbano (3,84%; 0,04 p.p.), além do Veículo Próprio, com altas em automóveis novos (1,23%; 0,04 p.p.), seguro de veículos (3,14%; 0,03 p.p.) e conserto de automóveis (1,27%; 0,02 p.p.). O grupo de Alimentação e Bebidas (0,96%; 0,21 p.p.) também teve uma alta expressiva, com destaque para o aumento do café moído (8,56%; 0,04 p.p.), tomate (20,27%; 0,04 p.p.) e cenoura (36,14%; 0,02 p.p.), além da alimentação fora do domicílio (0,67%; 0,04 p.p.).

No lado baixista, o grupo Habitação (-3,08%; -0,46 p.p.) foi o principal destaque, devido à queda de energia elétrica residencial (-14,21%; -0,55 p.p.), devido a aplicação do Bônus da Itaipu. Os demais grupos apresentaram impactos menores, variando entre 0,09 p.p. em Saúde e Cuidados Pessoais e -0,01 p.p. em Artigos de Residência e Comunicação. Por fim, destaca-se que a diferença entre os índices do Brasil e da RMPA decorreu de uma varação menor nas passagens aéreas (1,30%; 0,01 p.p.).

Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão[1] reduziu para 65,0% em janeiro de 2025 (69,0% em dezembro de 2025), queda que também se verifica quando se calcula a difusão sem os alimentos (de 68,9% para 59,8%). Em relação à inflação de serviços, houve aceleração na margem (de 0,66% em dezembro de 2024 para 0,78% em janeiro de 2025) e no acumulado em 12 meses (de 4,74% em nov/24 para 5,54% em dezembro de 2024), e com aceleração nos serviços subjacentes em 12 meses para 5,91%. Quanto à média dos cinco núcleos de inflação[2] acompanhados pelo Banco Central, observou-se uma aceleração na margem (de 0,57% em dezembro 2024 para 0,61% em janeiro de 2025) e no acumulado em 12 meses (de 4,34% em dezembro de 2024 para 4,54% em janeiro de 2025).

O IPCA registrou o menor valor para um mês de janeiro desde 1994. O resultado, conforme esperado, foi impactado por um fator pontual: o Bônus da Itaipu, que provocou uma redução significativa nas contas de energia elétrica no mês; caso não tivesse havido variação nesse preço, o IPCA registraria 0,70% no mês. Mesmo com o resultado baixo pelo alívio do Bônus, a análise qualitativa continua capturando um comportamento da inflação sem alívio: a difusão, embora com queda, segue elevada, acima de média de 2024 (57,7%), além disto, também tivemos aceleração de serviços subjacentes e dos núcleos de inflação.

Assim, mesmo com o resultado de janeiro, a inflação acumulada em 12 meses permaneceu acima do limite superior da meta de 4,50%. Vale ressaltar que, a partir deste ano, foi adotada a meta de inflação contínua. Isso significa que, em vez de realizar uma avaliação única ao final do ano, a inflação será monitorada ao longo de todo o período. A meta será descumprida se a inflação acumulada em 12 meses ficar fora dos limites de tolerância por seis meses consecutivos – algo que tem uma elevada probabilidade de ser verificado já em junho deste ano. Assim, a dinâmica atual da inflação, somada a um contexto de expectativas desancoradas, segue requerendo o ajuste na política monetária contracionista, que deve levar a Selic para cima em mais 1,0 p.p. conforme previsto.

Para 2025, em um cenário de incertezas tantos externas, sobretudo em relação aos desdobramentos das políticas econômicas nos EUA, quanto internas, pela questão fiscal, três fontes importantes de pressões permanecem no radar:Parte inferior do formulário mercado de trabalho apertado, preços dos alimentos permanecendo elevados com pressões altistas em itens específicos (como por exemplo, o café), e os repasses da desvalorização cambial, assim como sua volatilidade, sobre bens industriais e também alimentos.

[1] O índice de difusão indica o percentual dos 377 itens pesquisados que registraram variação positiva de preços.

[2] Os núcleos buscam minimizar a influência de itens de maior volatilidade no IPCA, com o objetivo de avaliar a tendência da inflação sem os efeitos de choques temporários sobre o comportamento dos preços.

Fonte: Fecomércio-RS

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