PIB gaúcho em 2024: forte impulso da Agropecuária e avanço do Comércio

No quarto trimestre de 2024, conforme divulgado pela Seplag-RS/DEE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou crescimento de 1,0% na comparação com o trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal – na mesma comparação, o desempenho da economia brasileira foi de 0,2%. A alta no caso gaúcho sucedeu a uma queda de 0,8% no trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2024, o PIB gaúcho teve variação de 4,4%, acima do resultado para o Brasil (+3,6%). Com o resultado do último trimestre do ano, o PIB estadual alcançou R$ 706,8 bilhões em 2024, registrando crescimento de 4,9% - também acima do desempenho nacional (+3,4%).
Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, o Rio Grande do Sul e o Brasil apresentaram diferentes trajetórias em termos de desempenho setorial. Na Agropecuária, o Rio Grande do Sul registrou um aumento de 20,4%, enquanto o Brasil apresentou recuo de 1,5%. Na Indústria, o estado teve queda de 0,8%, frente a um crescimento de 2,5% no cenário nacional. Já no setor de Serviços, o Rio Grande do Sul avançou 4,5%, enquanto o Brasil apresentou uma variação de 3,4%. Destaca-se ainda, que o Comércio gaúcho registrou variação de 11,3% e o Brasil de 4,7%.
Em 2024, a performance gaúcha superior à média nacional já era esperada, mas o processo de recuperação pós-enchentes intensificou essa dinâmica. O setor Agropecuário teve um crescimento expressivo na economia gaúcha (+35,0%), em função de uma estiagem de menor intensidade do que no ano anterior, em contraste com a retração no setor em âmbito nacional em virtude de questões climáticas que provocaram perdas no Centro-Oeste (-3,2%). Esse avanço no RS foi impulsionado, principalmente, pelo forte desempenho da soja (+43,8%), do trigo (+41,2%) e do milho (+13,9%). Já na Indústria, o cenário foi oposto: enquanto a indústria gaúcha teve uma leve retração de 0,4%, a indústria brasileira registrou alta de 3,3%. Esse resultado negativo no RS foi influenciado, sobretudo, pelo desempenho da Indústria de Transformação (-2,5%), impactada pela queda na produção física da indústria de Fabricação de Máquinas e Equipamentos (-18,8%), Bebidas (-13,2%) e Produtos de Fumo (-5,6%). Por fim, o setor de Serviços foi o único a apresentar resultados similares, com variação de 3,5% no Rio Grande do Sul e 3,7% no Brasil. Nesse segmento, o Comércio (+7,1%) se destacou no Rio Grande do Sul performando bem acima da média brasileira (+3,8%), impulsionado pela injeção de recursos na economia gaúcha e pelo movimento de reconstrução pós-tragédia climática. Entre os setores com maior crescimento de volume de vendas, destacam-se Móveis e Eletrodomésticos (+13,4%), Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação (+12,7%), Hipermercados e Supermercados (+11,4%), Comércio de Veículos (+10,7%) e Artigos Farmacêuticos, Médicos, Ortopédicos, de Perfumaria e Cosméticos (+10,8%).
O resultado do PIB do Rio Grande do Sul em 2024 veio em linha com o esperado, com um desempenho superior ao nacional. Conforme comentado anteriormente, esse avanço foi impulsionado, principalmente, pelo forte crescimento da Agropecuária e pela expansão do Comércio, que compensaram a retração na Indústria. Além disso, o desempenho de 2024 foi impulsionado por fatores de demanda, como o fortalecimento do mercado de trabalho e as transferências de renda, que sustentaram o consumo das famílias. A inflação abaixo da média nacional também contribuiu para que o poder de compra não fosse tão corroído, reforçando a atividade econômica. Para 2025, contudo, o cenário permanece incerto. Apesar dos bons resultados de curto prazo para a economia gaúcha, há dúvidas quanto à sustentabilidade desse ritmo de crescimento. A experiência internacional demonstra que, após o impulso inicial motivado por eventos extremos, as economias tendem a retornar a patamares de crescimento mais moderados, inferiores à média anterior às catástrofes.
Fonte: Fecomércio-RS