January 13, 2025

IPCA registra 0,52% em dezembro de 2024 e encerra 2024 em 4,83%, rompendo limite superior da meta de inflação

IPCA registra 0,52% em dezembro de 2024 e encerra 2024 em 4,83%, rompendo limite superior da meta de inflação

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou uma variação de 0,52% em dezembro de 2024, resultado superior ao observado em novembro de 2024 (0,39%) mas inferior ao resultado de dezembro de 2023 (0,56%). Dessa forma, a inflação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou para 4,83%. Por sua vez, a Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou um aumento de 0,50% no IPCA em dezembro de 2024. Como resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses acelerou para 3,57%, abaixo da média nacional.

Entre os nove grupos que compõem o IPCA do Brasil, houve três destaques no mês. No lado altista, apresentaram os maiores aumentos os grupos: Alimentação e Bebidas (1,18%; 0,25 p.p.), devido, sobretudo, ao aumento nos preços das carnes (5,26%; 0,14 p.p.) e da alimentação fora do domicílio (1,19%; 0,07 p.p.); e Transportes (0,67%; 0,14 p.p.), pelo aumento, sobretudo, do transporte por aplicativo (20,7%; 0,04 p.p.), da passagem aérea (4,54%; 0,03 p.p.) e da gasolina (0,54%; 0,03 p.p.). No lado baixista, o destaque está no grupo de Habitação (-0,56%; -0,09 p.p.) pela queda em energia elétrica residencial (-3,19%; -0,13 p.p.) com a entrada em vigor da bandeira tarifária para verde sucedendo a amarela que figurou em novembro de 2024. Os demais grupos ficaram entre um impacto de 0,06 p.p. em Despesas Pessoais e 0,01 p.p. em Educação.

Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão aumentou para 69,0% em dezembro de 2024 (57,8% em novembro de 2024), aumento que também se verifica quando se calcula a difusão sem os alimentos, que passou de 51,7% para 68,9%. O mês de dezembro, todavia, é sazonalmente marcado por uma maior difusão de alta de preços entre os itens pesquisados no IPCA. Em relação à inflação de serviços, houve desaceleração na margem (de 0,83% em novembro de 2024 para 0,66% em dezembro de 2024) mas aceleração no acumulado em 12 meses (de 4,68% em novembro de 2024 para 4,74% em dezembro de 2024), e com aceleração nos serviços subjacentes na margem e em 12 meses. Quanto à média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, observou-se uma aceleração na margem (de 0,39% em novembro de 2024 para 0,57% em dezembro de 2024) e no acumulado em 12 meses (de 4,21% em novembro de 2024 para 4,34% em dezembro de 2024).

O índice cheio do IPCA de dezembro registrou um valor abaixo das expectativas do mercado, mas ainda assim, a inflação termina o ano acima do limite superior da meta (limite superior de 4,5%). Além disso, a análise qualitativa dos dados apontou aceleração de serviços subjacentes e na média dos núcleos de inflação. O resultado de dezembro reforça as preocupações sobre a trajetória da inflação. Para este ano, a expectativa é de uma inflação ainda pressionada. No ano passado, a inflação em alimentos foi um dos principais responsáveis pela alta, impulsionada por fatores climáticos, como o El Niño no início do ano, e pela pressão nos preços das carnes no segundo semestre, devido ao aumento das exportações, impulsionado pela valorização do dólar, e ao próprio ciclo da pecuária. Para 2025, apesar da expectativa de uma safra mais favorável e condições climáticas melhores (mesmo com a previsão de La Niña de baixa intensidade no início do ano), que devem contribuir para a desaceleração do grupo, os preços dos alimentos continuam a ser ameaças a uma trajetória mais comportada da inflação. No início do ano, destaca-se a continuação da influência dos preços das carnes, motivados pela alta demanda e pela inversão do ciclo do boi. Ainda, outros segmentos, como os bens industriais, devem enfrentar pressões devido ao dólar elevado, que com a demanda aquecida, tende a ter um repasse mais rápido para inflação. No setor de serviços, o aperto no mercado de trabalho, com o aumento real dos salários, juntamente com as transferências de renda do governo, também continua sendo uma fonte de pressão inflacionária.

Cabe destacar, que é necessário continuar monitorando o cenário externo e interno. Externamente, é preciso acompanhar as políticas que serão implementadas nos Estados Unidos, com a posse do presidente Trump no dia 20 de janeiro. Já no cenário interno, a principal preocupação recai sobre a situação fiscal do país. Neste contexto, o COPOM já sinalizou que nas primeiras duas reuniões de 2025, se não houver mudanças relevantes no cenário, a política monetária deve ficar ainda mais contracionista, com aumentos da magnitude de 1 p.p. em cada reunião. Atualmente, segundo as previsões mensais do Boletim Focus, a inflação deverá permanecer a maior parte do ano de 2025 acima dos 5,0% no acumulado em 12 meses.

Fonte: Fecomércio-RS

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