INPC registra variação de 0,33% em novembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que acompanha a variação dos preços da cesta de consumo de famílias com renda mensal entre 1 e 5 salários mínimos, registrou um aumento de 0,33% em novembro de 2024. Este resultado é inferior ao observado em outubro de 2024 (0,61%) mas superior ao resultado de novembro de 2023 (0,10%). Como resultado, a variação acumulada dos últimos 12 meses acelerou para 4,84%, e a inflação acumulada no ano atingiu 4,27%.
Entre os nove grupos analisados, tivemos quatro destaques. No lado altista, destacaram-se os grupos de: Alimentação e Bebidas (1,62%; 0,39 p.p.), devido ao aumento nos preços das carnes (8,04%; 0,25 p.p.) e do óleo de soja (11,09%; 0,04 p.p.); Despesas Pessoais (1,82%; 0,14 p.p.), derivado do aumento do cigarro (14,81%; 0,09 p.p.) pelo aumento do IPI desde 1º de novembro; e Transportes (0,66%; 0,13 p.p.), pela alta nos preços do ônibus urbano (3,73%; 0,08 p.p.) e das passagens aéreas (24,41%; 0,05 p.p.). Do lado baixista, Habitação (-1,64%; -0,29 p.p.) se destacou pela queda na energia elétrica residencial (-6,17%; -0,33 p.p.).
No resultado de novembro, antecipamos os principais movimentos, com variações estimadas muito próximas das verificadas no INPC. Em carnes, nossa projeção estimava alta de 7,50%. Para o cigarro, antecipamos um aumento de 16,0%. Em relação à energia elétrica, prevíamos uma queda de 6,82%. A surpresa altista decorreu do grupo de Transportes, onde o aumento dos preços do transporte público, no subitem ônibus urbano interestadual, foi de maior magnitude do que o projetado.
Revisamos nossa projeção para a inflação a ser considerada na data-base de janeiro de 2025, que se refere ao acumulado de 12 meses até dezembro de 2024, de 4,74% para 4,87%. Computamos a maior contribuição do mês de novembro e fizemos um ajuste marginal para o mês de dezembro. Em nosso cenário elétrico já tínhamos antecipado o efeito da bandeira verde em dezembro, que foi confirmada pela ANEEL na última semana, com impacto individual no INPC estimado em torno de -0,11 p.p. no mês. Também continuamos projetando uma pressão relevante sobre os preços de alimentos devido à própria sazonalidade do período e pela continuidade dos impactos derivados da reversão do ciclo da pecuária, que impacta significativamente o preço das proteínas. Para os meses subsequentes, o nosso cenário leva em consideração o efeito do Bônus de Itaipu sobre o preço da energia elétrica que, em janeiro, terá um impacto projetado em -0,80 p.p. no índice cheio, contrabalançando elevações nos demais grupos e, em fevereiro, apresenta efeito contrário, com impacto positivo pelo retorno do preço da energia sem o desconto. Ainda no mês de fevereiro, as modificações das alíquotas ad rem de ICMS sobre combustíveis devem intensificar o impacto altista, com uma contribuição individual em torno de +0,11 p.p. no INPC do mês.
Salientamos que seguimos monitorando fatores que podem influenciar nossas projeções, atualizando continuamente nosso cenário e acompanhando dados de alta frequência. É importante notar que estamos em um ambiente bastante desafiador, com patamar cambial desvalorizado não apenas pela questão externa (eleição de Trump nos EUA) mas também em razão da grande incerteza quanto à questão fiscal brasileira, trazendo pressão adicional sobre um contexto que já contava com atividade resiliente e um mercado de trabalho apertado. Esses fatores seguem impondo viés altista nas projeções deste ano e do próximo, o que indica que a dinâmica da inflação continuará pressionada em 2025.
Fonte: Fecomércio-RS