IPCA acelera e registra 0,38% em julho de 2024
O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de 0,38% em julho de 2024. A variação ficou acima do verificado em junho de 2024 (0,21%) e do registrado em julho de 2023 (0,12%).Com o resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses acelerou para 4,50%,limite superior da meta.
Em julho de 2024, sete dos nove grupos que compõem o IPCA apresentaram variação positiva. Dois grupos exerceram grande influência altista, enquanto um grupo se destacou com uma influência baixista significativa. No lado altista, o grupo Transportes registrou a maior variação(1,82%) e o maior impacto no índice geral (0,37 p.p.). O grupo Habitação também se destacou, com uma variação de 0,77% e impacto de 0,12 p.p.. Por outro lado, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou deflação no mês, com uma variação de-1,00% e um impacto de -0,22 p.p.. Os demais grupos apresentaram as seguintes influências: Despesas Pessoais (0,52%; 0,05 p.p.), Artigos de Residência(0,48%; 0,02 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,22%; 0,03 p.p.), e Comunicação(0,18%; 0,01 p.p.). Os grupos de Vestuário e Educação não tiveram impacto no índice neste mês.
No grupo de Transportes, o principal impacto foi da gasolina, que registrou alta de 3,15%, contribuindo sozinho com 0,16 p.p. para o índice geral. Este aumento era esperado em razão dos reajustes realizados pela Petrobrás durante o mês. Também colaboraram para impulsionar este grupamento as variações nas passagens aéreas (19,39%) e etanol (5,90%). No grupo de Habitação, a energia elétrica residencial teve uma alta de 1,93%,impactando o índice em 0,08 p.p., resultado da aplicação da bandeira tarifária amarela em vigor desde início de julho. Em Alimentação e Bebidas, a Alimentação no Domicílio (-1,51%; -0,24 p.p.) foi responsável pela deflação no mês, destaca-se as quedas no tomate (-31,24%), cenoura (-27,43%), mamão (-17,26%),cebola (-8,97%) e batata inglesa (-7,48%).
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou umaumento de 0,36%, resultando na desaceleração do IPCA acumulado nos últimos 12meses para 3,53%, abaixo da média nacional. No lado baixista, o grupoAlimentação no Domicílio recuou 2,38%, contribuindo com um impacto de -0,38p.p. no mês. Em contrapartida, o grupo de Transportes exerceu pressão altista,com variação de 2,0% e impacto de 0,42 p.p., impulsionado principalmente peloaumento de 4,07% no preço da gasolina, que teve o maior impacto individual nomês, de 0,27 p.p..
Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão, que mostra o percentual dos 377 itens pesquisados que registraram variação positiva de preços no período, passou de 52,25% em junho para 46,95% em julho. Apesar dessa melhora, houve, porém, uma aceleração importante na inflação de serviços, tanto na margem (0,75% em julho de 2024 ante 0,04% em junho de 2024) quanto no acumulado em 12 meses (4,99% em julho de 2024 ante 4,47% em junho de 2024).Esse mesmo comportamento foi verificado na análise da média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, que acelerou na margem para 0,43%(no mês anterior havia sido 0,23%) e na média em 12 meses para 3,83% (no mês anterior havia sido 3,58%).
O IPCA de julho acende um sinal de alerta, com o índice geral acelerando e a análise qualitativa mostrando piora. Isso colocou o acumulado em 12 meses exatamente no limite superior da meta de inflação. Partedessa deterioração já era esperada, devido aos aumentos da gasolina pela Petrobrás e à aplicação da bandeira tarifária amarela na energia elétrica emjulho de 2024. O alívio neste mês veio concentrado do comportamento dos Alimentos, que registrou uma desinflação, também já prevista, e que deve continuar ajudando a reduzir o índice nos próximos meses. No entanto, os resultados negativos da análise qualitativa, especialmente na inflação de serviços e na aceleração dos núcleos de inflação, mantêm a vigilância sobre a persistência das pressões inflacionárias. De forma geral, os resultados do mês corroboram as preocupações expressas na última reunião do COPOM, que, pela primeira vez no ano, sinalizou a possibilidade de elevar os juros caso os indicadores econômicos mostrem sinais de pressão. Será importante seguir monitorando o cenário interno e externo, como as oscilações cambiais e o aquecimento do mercado de trabalho.
Fonte: Fecomércio-RS