September 11, 2024

IPCA registra deflação de -0,02% em agosto de 2024

IPCA registra deflação de -0,02% em agosto de 2024

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) calculado pelo IBGE registrou variação de -0,02% em agosto de 2024. Esse resultado é inferior ao observado em jul/24 (0,38%) e em agosto de 2023 (0,23%). Como resultado, a inflação acumulada nos últimos 12 meses desacelerou para 4,24%.

Entre os nove grupos que compõem o IPCA, dois registraram variação negativa e tiveram grande influência no índice do mês: Alimentação e Bebidas, com uma variação de -0,44% e o maior impacto (-0,09 p.p.), e Habitação, que variou -0,51% e teve um impacto de -0,08 p.p. Os demais grupos apresentaram variações positivas: Artigos de Residência (0,74%; 0,03 p.p.),Educação (0,73%; 0,04 p.p.), Vestuário (0,39%; 0,02 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,25%; 0,03 p.p.) e Despesas Pessoais (0,25%; 0,03 p.p.). Os grupos Transportes e Comunicação não tiveram impacto em agosto.

A deflação no grupo de Alimentação e Bebidas foi influenciada pela Alimentação no Domicílio, que apresentou uma variação de-0,73% e impacto de -0,11 p.p.. Houve quedas expressivas nos preços da batata-inglesa (-19,04%), do tomate (-16,89%) e da cebola (-16,85%). No grupo Habitação, conforme esperado, a principal influência foi da energia elétrica residencial, que variou -2,77% com impacto de -0,11 p.p. devido ao retorno da bandeira tarifária verde no mês. Em Transportes, houve dois movimentos opostos: a gasolina apresentou uma variação positiva de 0,67%, impactando o índice em0,04 p.p., enquanto as passagens aéreas tiveram uma variação negativa de-4,93%, contribuindo com -0,03 p.p. para o índice geral.

 

A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) registrou o maior índice regional em agosto, com um aumento de 0,18% — valor abaixo do verificado em julho de 2024 (0,36%) e em agosto de 2023 (0,24%). Como resultado, o IPCA acumulou 3,47% nos últimos 12 meses, abaixo da média nacional. Esse resultado foi influenciado principalmente pelo grupo de Transportes, que, ao contrário do observado na média brasileira, apresentou um impacto positivo de 0,20 p.p.. Esse impacto se deu, sobretudo, pelo aumento dos preços das passagens aéreas (21,59%), que contribuíram individualmente com 0,15p.p. para o índice. Em relação aos demais grupos, tiveram variação negativa, Alimentação e Bebidas (-0,76%; -0,16 p.p.), Habitação (-0,25%; -0,04 p.p.) e Comunicação (-0,33%;   -0,02 p.p.). No aspecto altista, tem-se Artigos de Residência (0,92%; 0,04 p.p.), Educação (0,73%; 0,04 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,45%; 0,06 p.p.), Despesas Pessoais (0,41%; 0,04 p.p.) e Vestuário (0,27%; 0,01 p.p.).

Do ponto de vista qualitativo, o índice de difusão, que indica o percentual dos 377 itens pesquisados que registraram variação positiva de preços, aumentou para 55,97% em agosto de 2024 (ante 46,95% em julho de2024). Em relação à inflação de serviços, houve desaceleração na margem, passando de 0,75% em julho de 2024 para 0,24% em agosto de 2024. No entanto, no acumulado de 12 meses, a inflação de serviços acelerou para 5,16% (ante 4,99%em julho e 2024). Quanto à média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo Banco Central, observou-se uma desaceleração na margem para 0,24% (ante0,43% em julho de 2024) e uma leve redução no acumulado em 12 meses para 3,80%(ante 3,83% em julho de 2024).

O IPCA de agosto veio menor do que o projetado pelo mercado. Qualitativamente, os resultados foram mistos. Por um lado, houve desaceleração dos núcleos de inflação e da inflação de serviços na margem. No entanto, alguns pontos merecem atenção. O índice de difusão de alimentos e não-alimentos aumentou significativamente. Além disso, a inflação de serviços ainda preocupa, pois, apesar da redução de ritmo na variação mensal, houve aceleração em 12meses. Reforçando o cenário de preocupação, indicadores de atividade econômica têm mostrado resultados fortes, sugerindo possíveis pressões inflacionárias adicionais nesse setor. Outros fatores que precisam ser monitorados incluem as oscilações do câmbio, a incerteza do cenário fiscal e a (longa) desancoragem das expectativas, além de eventuais choques (como o acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 1 para a energia elétrica, ocorrido em setembro de2024).

Vale destacar que, se a estiagem persistir, ela poderá, inclusive, influenciar os preços dos alimentos, fonte atualmente de descompressão da inflação. Enfim, apesar do indicador de agosto vir melhor do que o esperado, o balanço de riscos ainda aponta mais para os riscos altistas. Assim, é muito provável que na próxima reunião do COPOM, o comitê dê início a um novo ciclo de aperto monetário com vistas a trazer a inflação para a meta no horizonte relevante (1º trimestre de 2026).

 

Fonte: Fecomércio-RS

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