PIB acelera e cresce 1,4% no segundo trimestre, acima do esperado
De acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,4% no segundo trimestre de 2024 na comparação com o trimestre imediatamente anterior, acelerando em relação ao primeiro trimestre (alta de1,0% revisada dos 0,8% anteriormente registrados). Assim, o PIB totalizou R$2,9 trilhões em valores correntes no segundo trimestre. Frente ao 2º trimestre de 2023, o PIB brasileiro apresentou aumento de 3,3%, e no acumulado em 4trimestres houve aumento de 2,5%.
Na comparação com trimestre anterior, pelo lado da oferta, o aumento refletiu o crescimento da Indústria (1,8%) e dos Serviços (1,0%). Na indústria, destaque para Construção Civil (3,5% ante 0% no 1ºTRI24) e Eletricidade e gás, água, esgoto, ativ. de gestão de resíduos (4,2% ante -2,6%no 1º trimestre de 2024). Nos Serviços, houve crescimento disseminado, com destaque para a aceleração dos serviços do setor público (1,0% ante -0,0% no 1ºtrimestre de 2024). Já a Agropecuária apresentou variação de -2,3% no trimestre. Pelo lado da demanda, o Consumo das famílias cresceu 1,3%, mesma taxa que o Consumo do Governo, porém com desaceleração da primeira (2,5% no 1º trimestre de 2024) e forte aceleração do segundo (0,1% no 1º trimestre de 2024). A Formação Bruta de Capital Fixo registrou alta de 2,1% (3,8% no 1º trimestre de2024). No setor externo, variação de 1,4% nas Exportações e de 7,6% nas Importações.
Na comparação com o mesmo período de 2023, sob a ótica da produção, a alta de 3,9% da Indústria foi disseminada dentre os segmentos captados pela pesquisa, com a Eletricidade e gás, água, esgoto, ativ. de gestão de resíduos crescendo 8,5%, Construção 4,4%, Indústria de transformação crescendo 3,6% e Extrativa 1,0%. Os Serviços tiveram aumento de 3,5%, com todas as atividades registrando crescimento. Outras atividades de serviços cresceram4,5%, a Adm., defesa, saúde e educação públicas e seguridade social aumentou1,9%. O Comércio apresentou crescimento de 4,0%. Atividades imobiliárias(3,7%), Atividades financeiras (4,0%), Transportes, armazenagem e correio(0,7%) e Informação e Comunicaçã0 (6,1%) foram as demais altas. Na Agropecuária houve queda de 2,9%.
Ainda nessa base de comparação, pela ótica da demanda, o Consumo das Famílias teve alta de 4,9%, enquanto o Consumo do Governo variou3,1%. A Formação Bruta de Capital Fixo (que mede a parcela de produto utilizada para realizar investimentos) avançou 5,7%. No setor externo, as Exportações de Bens e Serviços apresentaram alta de 4,5%, enquanto as Importações de Bens e Serviços aumentaram 14,8% no segundo trimestre de 2024.
O PIB do segundo trimestre surpreendeu, revelando uma dinâmica da atividade econômica mais forte que o esperado no primeiro semestre, impulsionados pela demanda doméstica. Além da aceleração expressiva do consumo do governo, fica evidente a continuidade do avanço tanto do consumo das famílias quanto dos investimentos, com forte expansão de todos agregados ante o segundo trimestre do ano anterior. Nota-se, no entanto, que mesmo com avanço nos investimentos, no acumulado de quatro trimestres ele permanece como único componente da demanda com recuo (-0,9%). Já para as famílias, o acumulado em quatro trimestres se mantém acima de 3,0%, com suporte no segundo trimestre vindo sobretudo pela dinâmica positiva do mercado de trabalho (com avanços sustentados do emprego e da massa de rendimentos) e do crédito, que tem avançado de forma robusta mesmo com Selic em 10,50% - uma vez que o maior impulso das transferências do governo às famílias ficou concentrada no primeiro trimestre.
Apesar de positivo, o resultado do PIB mostrando dinâmica mais forte da economia pode resultar em maiores pressões inflacionárias, tornando ainda mais provável que a Selic seja levada para cima em setembro, aumentando o grau de restrição da política monetária. Em relação ao que é esperado para o PIB, por mais que não haja perspectiva de revisão da política fiscal expansionista, o diferencial limitado para novas e não previstas rodadas de gasto direcionados às famílias deve limitar impulsos adicionais à atividade ao longo do segundo semestre, de forma que é esperada alguma desaceleração da atividade. A dúvida fica por conta da magnitude dessa desaceleração, de forma que mesmo com um ritmo muito mais fraco em relação ao segundo trimestre, qualquer avanço no segundo ou terceiro trimestre leva para cima de 2,5% o crescimento do PIB anual.
Fonte: Fecomércio-RS