PIB do RS apresenta queda de 0,3% no 2º trimestre de 2024
No 2º trimestre de 2024, conforme divulgado pela Seplag-RS/DEE, o Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul registrou variação de -0,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal – desempenho bastante inferior ao registrado no país nessa mesma base de comparação (+1,4%). Em relação ao mesmo trimestre de 2023, o PIB gaúcho teve variação de 4,6%, acima do resultado para o Brasil de 3,3%. Com os números do 2º trimestre de 2024, o PIB gaúcho acumula no ano crescimento 5,4% e, em quatro trimestres, de 2,6%.
Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, o crescimento do PIB foi sustentado pela boa performance da Agropecuária - no período, o setor cresceu 5,3% (no Brasil, -2,3%). Já a Indústria apresentou queda de 2,4% (no país, +1,8%). No trimestre, todos os subsetores da Indústria tiveram uma performance inferior ao país. A Indústria Extrativa (2,1%) e a Construção (2,4%) tiveram altas, enquanto a Indústria de Transformação (-2,7%) e Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana (-3,5%) tiveram quedas. Os Serviços, por sua vez, tiveram movimentos heterogêneos e variaram 0,1%. Apenas as atividades de Intermediação Financeira e Seguros tiveram um desempenho melhor do que o brasileiro.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, o PIB cresceu 4,6%, acima do desempenho do Brasil (3,3%). A Agropecuária foi o grande destaque do período, com aumento de 34,6%. Além da base deprimida em virtude da estiagem no ano anterior e grande parte das colheitas do período já terem sido realizadas na ocasião das cheias, vale destacar que as enchentes foram eventos tipicamente urbanos que assolaram áreas de grande presença de Indústria e Serviços. Só a título de ilustração, os 95 municípios em estado de calamidade no RS respondem por apenas 13,5% do VAB da Agropecuária no Estado. A Indústria, por sua vez, teve queda de 1,7%, enquanto no país registrou alta de 3,9%. A Indústria de Transformação teve baixa de 6,5%, refletindo as interrupções de produção provocadas por inúmeras causas ligadas às enchentes. Já a Construção Civil apresentou alta de 3,2%.
O destaque foi para a atividade de Eletricidade e Gás, Água, Esgoto e Limpeza Urbana que cresceu 37,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, muito impulsionada pela geração de energia. Nos Serviços, houve aumento de 2,4%. Ainda que menor do que a verificada no país (+3,5%), merece destaque o desempenho do Comércio que apresentou aumento de 5,1%, alta bastante superior aos 4% verificado no país. A injeção de recursos realizada na economia gaúcha associada à necessidade urgente de reposição de uma série de bens se refletiu em um impulso imediato a atividades específicas do comércio como o varejo de Móveis e Eletrodomésticos e de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e Comunicação. Destaque também para o desempenho de Hipermercados, Supermercados, Produtos Alimentícios, Bebidas e Fumo, bastante estimulado por antecipações de compras e doações.
Diante da catástrofe vivida no estado no mês de maio, e dada a base de comparação bastante elevada (expansão de 4% no trimestre anterior), a queda de “apenas” 0,3% pode ter sido vista, por alguns, como surpreendentemente amena. Na verdade, não se pode esquecer que o 2º trimestre de 2024 foi marcado por um abril bastante potente e um junho caracterizado pelo início de esforços intensos de reconstrução. É importante ressaltar que o ano e 2024 prometia um desempenho da economia gaúcha muito superior ao da economia nacional em virtude da safra, que depois de dois anos de estiagem seria uma safra cheia. Dessa forma, a perda diante do que poderíamos ter registrado não é, de forma alguma, desprezível. No 3º trimestre de 2024, ainda observaremos os impactos mais imediatos dos impulsos derivados das injeções de recursos por motivo das enchentes. Dessa forma, é razoável esperar que a economia gaúcha registre crescimento significativo em 2024, ainda que menor do que o inicialmente esperado (em quatro trimestres, acumula-se 2,6% de crescimento, e o carrego do primeiro semestre é muito forte, 4,5%). Todavia, ainda é difícil determinar como será o comportamento a médio prazo. A experiência internacional mostra que, após o impulso inicial, as economias voltam a crescer a taxas médias inferiores às registradas anteriormente às catástrofes.
Fonte: Fecomércio-RS