August 8, 2024

Sindilojas Vale Germânico foi sede da 3ª edição de 2024 do Giro pelo Rio Grande

Sindilojas Vale Germânico foi sede da 3ª edição de 2024 do Giro pelo Rio Grande

Um público de mais de 200 pessoas prestigiou a 3ª edição do Giro pelo Rio Grande, realizado em Novo Hamburgo, nesta terça-feira, 6 de agosto. O evento, promovido pela Fecomércio-RS, teve como tema central os "Desafios do Brasil em um ano eleitoral" e contou com a participação do economista e ex-ministro de Minas e Energia no governo Jair Bolsonaro, Adolfo Sachsida; do cientista político, Fernando Schuler e do consultor econômico Marcelo Portugal, mediados pelo economista e gerente de Relações Governamentais da Federação, Lucas Schifino. 

 

Como em todas as edições anteriores, o objetivo é apresentar os posicionamentos da entidade frente à realidade do Estado e debater com a sociedade gaúcha formas de melhorar o Brasil e o Rio Grande do Sul. Na ocasião, o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Luiz Carlos Bohn, destacou a importância da iniciativa e o papel da entidade. “A Fecomércio, como representante do setor que mais emprega e mais gera PIB e renda, tem a obrigação de procurar sempre melhorar o ambiente para as empresas fazerem negócios e crescerem. O Giro pelo Rio Grande está alinhado a essa missão. Trazemos hoje para a cidade grandes nomes, com conhecimento e experiências práticas na execução de políticas públicas de sucesso”, pontuou.

 

Previsão para o PIB após a enchente

No primeiro momento, o economista e consultor da Federação, Marcelo Portugal, explicou que antes da enchente havia uma expectativa muito positiva para uma expansão da economia gaúcha, que deveria apresentar um crescimento do PIB acima da economia nacional. “Em dezembro de 2023, prevíamos um crescimento de 2,2% para o Brasil e de 3,5% para o Rio Grande do Sul. A origem desse desempenho melhor estava no comportamento da agropecuária, que deveria se recuperar, em 2024, depois de dois anos seguidos de seca.”, explicou.

 

Já o setor de comércio/serviços e a indústria teriam um desempenho também positivo, mas bem mais modesto, em linha com o resultado nacional. Porém, a enchente mudou esse cenário. A agropecuária foi pouco afetada, pois parte significativa da safra de grãos já havia sido colhida. O efeito mais negativo foi sobre a pecuária. No novo contexto, o esperado é um desempenho negativo para o PIB da indústria e dos serviços/comércio, mesmo com ajuda direta da agropecuária via transporte, comercialização e processamento da safra. “O forte desempenho da agropecuária deve permitir um PIB positivo, próximo de 1,5% para o RS”, acredita o economista.

 

Outro aspecto abordado foi o total de perda de capital das famílias, empresas e da infraestrutura pública, que pode chegar a R$ 34 bilhões. “A enchente atrapalha, mas não é dramática. O problema é o impacto que teremos a longo prazo em virtude da destruição de capital público, privado e de infraestrutura. Essa é uma das maiores diferenças em relação à pandemia. Isso reduz o crescimento potencial da economia gaúcha nos próximos anos”. 

 

Para finalizar, Portugal falou especificamente do desempenho de cada setor. A produção industrial cai apenas um pouco menos do que na pandemia, influenciada por empresas que foram alagadas e, também, por problemas de logística que dificultaram o acesso a matérias primas e o escoamento da produção. Onde não houve perda de capital a recuperação já está ocorrendo. No caso do varejo e dos serviços, a pesquisa de vendas do IBGE está com um comportamento distorcido, não apresentando grandes quedas. Isso acontece, porque neste segmento os impactos são muito assimétricos. “No varejo houve muita heterogeneidade por conta da elevação muito grande de vendas em certos setores, como supermercados e farmácias. O dado agregado encobre as perdas do setor”, afirma o consultor.

Após a contextualização econômica, Adolfo Sachsida falou sobre os últimos seis anos no Brasil, período em que foram feitas intensas reformas econômicas como a trabalhista, da previdência, a criação do Teto de Gastos, a independência do Banco Central, as privatizações e concessões, entre outras. Porém, com a mudança no mix da política econômica houve uma alteração na conjuntura, com protagonismo do investimento público para incentivar o investimento privado, aumento dos gastos e impostos, fortalecimento dos bancos públicos, entre outros. Mesmo assim, o Sachsida ainda acredita que é possível o país entrar em um caminho sustentável de crescimento econômico, desde que seja revertida a trajetória de deterioração fiscal. “Tivemos seis anos consecutivos de importantes reformas, macro e microeconômicas, que prepararam o país para ser o grande porto seguro do investimento mundial. O Brasil terminou 2022 com inflação menor do que os Estados Unidos e crescimento econômico similar ao da China, dívida pública e gastos públicos sob controle e novos marcos legais”.

Outro ponto destacado pelo ex-ministro, foi a questão das privatizações. “Entre 2019 e 2022, um terço das empresas estatais foi vendida. Foi o maior movimento de privatização. Foram muitas mudanças que melhoraram a economia. Porém, agora estamos enfrentando um sério problema de deterioração das contas públicas. Precisamos fazer o dever de casa e parar de gastar”, defendeu. Para concluir, o painelista citou uma série de possíveis medidas para ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul, tanto no âmbito fiscal, como mercado de trabalho, mercado de crédito, capitais e seguros.

 

Para encerrar o debate, o cientista político, Fernando Schuler, apresentou um panorama sobre a trajetória e perspectivas para o Brasil, destacando que o país tem a maior carga tributária do continente, mas é o que menos investe em desenvolvimento humano, ocupando o último lugar no ranking. “Além da polarização, temos um grande problema estrutural. Possuímos a maior carga tributária, segundo Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), de 32,4%, destinamos 13,4% do PIB para o funcionalismo, 1,6% para o judiciário, não investimos em desenvolvimento e, ainda, temos conflito com o Banco Central e a inconsistência do Arcabouço Fiscal”.

Fonte: Fecomércio-RS

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